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quinta-feira, 21 de julho de 2016

Tolerância na Perspectiva Wesleyana

João Wesley, o pai do Movimento Wesleyano, nos ensina a como nos comportar diante das divergências de opiniões teológicas e eclesiológicas:   

      As espessas e ofuscantes poeiras das opiniões – suscitadas pelos doutores, concílios e sínodos, surgiam diante de Wesley. Em vários momentos, não sem alguma aspereza, ele rechaçou-as. Ele considerava Martinho Lutero e João Calvino como grandes homens de Deus, mas se lamentava “dos fortes apegos e opiniões particulares deles; das amarguras divergentes, sobre as opiniões dos outros, demonstradas por eles; da impaciência e da falta de tolerância deles”. Ele se recordava com tristeza das controvérsias sobre costumes e liturgias que dividiram a Inglaterra. Seu veemente desejo era que o novo despertar preconizado pelo Metodismo, sem falsa modéstia, suplantasse essas coisas. [Mateo Lelievre].

Palavras de João Wesley: 

      “Não daremos atenção – em hipótese alguma – às opiniões que versem sobre quais tipos de religiões são falsas ou verdadeiras, e não tomaremos partido por nenhuma delas. Sabemos que o fundamento de toda religião consubstancia-se na santidade do coração de na vida cristã diária. E, portanto, em qualquer lugar que formos, insistiremos nisso, com todas as nossas forças.

    Recusaremos seguir aos que se apartam da igreja anglicana, e nos ateremos às doutrinas e às disciplinas da igreja. Só queremos combater a impiedade e a injustiça.

      Muitos desperdiçam grande parte do seu tempo e de suas forças, combatendo assuntos puramente insignificantes. Queremos de outra sorte, aproveitar nosso tempo, promovendo a religião simples e prática.

      Se disseres a mim: não cremos que suas opiniões são verdadeiras, eu vos responderei: verdadeiras ou falsas, não vou contender convosco.

      Certificai-vos, somente, que vossos corações sejais retos diante de Deus; que conheceis e ameis o Senhor Jesus Cristo; que ameis o vosso próximo e andeis como vosso Mestre andou. Não perguntarei mais nada a vós. Estou farto de opiniões. Estou cansado de vossas palavras. Minha alma está enojada dessa comida desnutrida. 

      Dai-me uma religião sólida e substancial. Apresentai-me alguém humilde, amigo de Deus e dos homens; alguém cheio de misericórdia e de bons frutos; alguém sem parcialidade e sem hipocrisia; alguém que se doe totalmente à obra da fé, à paciência da esperança, ao labor do amor. Que minha alma esteja apegada a tais cristãos em qualquer lugar que eles estiverem, e atenta a quaisquer que sejam suas opiniões. ‘Porque qualquer que fizer a vontade de meu Pai Celeste, esse é meu irmão, irmã e mãe’ (Mt. 12.50).
      É uma pobre desculpa querer dizer: ‘Essas pessoas são levadas a adotar opiniões errôneas.’ Eu não quero saber qual é a espessura de um argueiro; se isso ou aquilo é verdade ou não! (atenho-me, sim, a questões que não mudem os fundamentos cristãos). Mas quanto, a saber, se elas acatam uma ou outra opinião religiosa, não me interessa; nem tão pouco se elas adotam a um ou outro sistema de astronomia.

      São elas impulsionadas para viver uma vida santa? É disso que nos importa saber, pois se trata de sua felicidade pessoal, social, temporal e eterna. São elas conduzidas ao amor de Deus e do próximo? Essa é a religião pura e sem mácula." [João Wesley].

Fonte: Teologia de John Wesley. Mateo Lelievre. Editora Sal Cultural p. 18 e 19.

P.S.: Recomendo com fervor que leiam o sermão 39 de João Wesley chamado o Espírito Católico (ou o Espírito Universal) que trata de forma mais detalhada essa perspectiva sobre a tolerância em Wesley.




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